segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Árvores de Salvador





Como paisagista e ambientalista, diante de tantos questionamentos e criticas (algumas bem fundamentadas, outras nem tanto), me vi “obrigada” a dar minha humilde opinião sobre o assunto: as árvores de Salvador! Amigos e colegas estão  revoltados com podas radicais e retiradas de árvores (muitas delas centenárias) de vários pontos da cidade.
É verdade! Faz tempo que Salvador sofre com o descaso em relação à manutenção das suas áreas verdes.  São áreas de parques, praças, jardins, calçadas e  encostas, infestadas de doenças e pragas, além de muitas árvores com risco eminente à população. Não se pode negar a necessidade de uma limpeza bruta para a revitalização do verde. Mas todo trabalho deve ser feito com responsabilidade técnica e mão de obra especializada. E, principalmente, com olhos, ouvidos e mãos fechadas a interesses e especulações empreendedoras.
Se for preciso retirar uma espécie importante, onde nada possa ser feito, que já se encontre “condenada”, erradique-se e dê lugar a outras novas. O que não se pode permitir é a substituição por mais concreto...mais calor, menos sombra, menos permeabilidade, menos bem estar.
Salvador é uma cidade histórica, riquíssima culturalmente e de uma beleza inquestionável, mas cresceu de forma desordenada, desgovernada e sem fiscalização atuante para intervenções importantes. O que gerou um desenvolvimento paralelo a retrocessos.
Acredito que todos, sem exceções, desejam viver em um lugar saudável, bonito, limpo e seguro. Utopia? Não. Talvez o que falte é comprometimento, atitude e respeito pelo ambiente onde se vive.
Só um lembrete: a Constituição de 1988 abriu espaços à participação da população na preservação e na defesa ambiental e impôs à coletividade o dever de defender o meio ambiente (artigo 225, "caput", CF/88). Assegurou como direito fundamental de todos os brasileiros a proteção ambiental, conforme o artigo 5º, inciso LXXIII, da CF/88, através da Ação Popular. Estabeleceu que o meio ambiente é um bem de uso comum do povo, assegurando a todos o direito a um meio ambiente equilibrado, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para a presente e as futuras gerações. 
Faça a sua parte. Deixe um pouco de lado as redes sociais e vivencie na prática. Cada um sabe o que está ao seu alcance para ajudar. O que não pode é reclamar, defender, criticar, sugerir e opinar sobre o que se desconhece.

(Foto retirada da internet: autoria de tonyssa)