Como paisagista e ambientalista, diante de tantos questionamentos e
criticas (algumas bem fundamentadas, outras nem tanto), me vi “obrigada” a dar minha
humilde opinião sobre o assunto: as árvores de Salvador! Amigos e colegas estão
revoltados com podas radicais e retiradas
de árvores (muitas delas centenárias) de vários pontos da cidade.
É verdade! Faz tempo que Salvador sofre com o descaso em relação à
manutenção das suas áreas verdes. São áreas
de parques, praças, jardins, calçadas e encostas,
infestadas de doenças e pragas, além de muitas árvores com risco eminente à
população. Não se pode negar a necessidade de uma limpeza bruta para a
revitalização do verde. Mas todo trabalho deve ser feito com responsabilidade técnica
e mão de obra especializada. E, principalmente, com olhos, ouvidos e mãos
fechadas a interesses e especulações empreendedoras.
Se for preciso retirar uma espécie importante, onde nada possa ser
feito, que já se encontre “condenada”, erradique-se e dê lugar a outras novas. O
que não se pode permitir é a substituição por mais concreto...mais calor, menos
sombra, menos permeabilidade, menos bem estar.
Salvador é uma cidade histórica, riquíssima culturalmente e de uma
beleza inquestionável, mas cresceu de forma desordenada, desgovernada e sem
fiscalização atuante para intervenções importantes. O que gerou um desenvolvimento
paralelo a retrocessos.
Acredito que todos, sem exceções, desejam viver em um lugar saudável,
bonito, limpo e seguro. Utopia? Não. Talvez o que falte é comprometimento,
atitude e respeito pelo ambiente onde se vive.
Só um lembrete: a Constituição de 1988 abriu espaços à participação da
população na preservação e na defesa ambiental e impôs à coletividade o dever
de defender o meio ambiente (artigo 225, "caput", CF/88). Assegurou
como direito fundamental de todos os brasileiros a proteção ambiental, conforme
o artigo 5º, inciso LXXIII, da CF/88, através da Ação Popular. Estabeleceu que
o meio ambiente é um bem de uso comum do povo, assegurando a todos o direito a
um meio ambiente equilibrado, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para a presente e as futuras gerações.
Faça a sua parte. Deixe um pouco de lado as redes sociais e vivencie na prática. Cada um sabe o que está ao seu alcance para ajudar. O que não pode é reclamar, defender, criticar, sugerir e opinar sobre o que se desconhece.
(Foto retirada da internet: autoria de tonyssa)